Prévio:  Antero de Quental   Superior:  Sonetos   Próximo:  Contos do nascer da Terra

 

Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935)

Un dos grandes nomes da poesia mundial. E especialmente famoso pola sua capacidade de «outrar-se», i.e. de adoptar várias personalidades poéticas diferentes (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, etc.), asinando as suas obras de acordo coa personalidade de cada heterónimo.

ABDICAÇÃO   ABDICACIÓN
  
   
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho. Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
  Toma-me, ó noite eterna, nos teus brazos
E chama-me teu fillo. Eu son un rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de soños e cansazos.
 
  • Nota: En portugués, sou (son) é a primeira persoa de singular do presente de indicativo do verbo ser.
   
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mãos viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços.
  Miña espada, pesada a brazos lasos,
En máns/maos viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecámara, feitos en pedazos.
 
   
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas, de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
  Miña cota de malla, tan inútil,
Miñas esporas, de un tinir tan fútil,
Deixei-as pola fria escadaria.
  • Nota: En portugués a contracción da preposición por (por) e o artigo a (a) escrebe-se pela (pola).
   
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia
  Despin a realeza, corpo e alma,
E regresei á noite antiga e calma
Como a paisaxen/paisaxe ao morrer do dia
 

 
Prévio:  Antero de Quental   Superior:  Sonetos   Próximo:  Contos do nascer da Terra

 

José Ramom Flores d'as Seixas25-07-2004